DATA: SEGUNDO SEMESTRE (FINAIS DE SEMANA)
É mais que uma competição: É um ato político e, antes de falarem do porquê de ser composta por tais atléticas, todos deveriam conhecer as origens.
A Copa união não é uma competição para atléticas pequenas ganharem algo, como a gente ouve muito, nem nenhum dos outros absurdos que já lemos e ouvimos.
A Copa União é uma competição que engrandece cada uma das suas participantes e isso é tão óbvio que basta vermos os resultados do Inter UFMG após a criação da Copa União, por exemplo. Percebam quantas Atléticas que antes nunca figuravam entre as protagonistas em modalidade alguma passaram a estar em posições cada vez mais altas nos rankings. Coincidência?
Fruto de muito trabalho, reuniões, luta, resistência e principalmente: UNIÃO.
Somos muito mais que um campeonato e não podemos de forma alguma esquecermos do porquê existimos e de onde viemos.
Após a organização do Inter UFMG de 2014 e de 2015, um sentimento de revolta tomou conta muitos diretores e diretoras de diversas atléticas. Esse foi causado por diversas razões, como:
1 - Havia uma divisão entre as atléticas: de um lado, as detentoras de todos os poderes de decisão e privilégios: as "Fundadoras": Grifo, FACE, Hércules, Medicina e Vetusta. Do outro, as subordinadas e à mercê das decisões e imposições das Fundadoras: Eram as atléticas "Convidadas": Qualquer outra que não fosse uma dessas cinco.
2 - Só podia participar da Diretoria da Liga das Atléticas diretores e diretoras do grupo dos "fundadores". Enquanto isso, restava às atléticas "convidadas" aceitar tudo que fosse decidido por esse conselho. Seja em relação à organização das competições, festas ou estruturas da instituição (Liga das Atléticas).
3 - Para participar do Inter UFMG, toda atlética era obrigada a vender um número x de ingressos para a festa oficial do campeonato. Caso não vendesse o número mínimo de ingressos, deveria cobrir o valor referente à quantidade faltante..
4 - Para participar do Inter UFMG, todas as atléticas deveriam obrigatoriamente se inscrever em um número "x" de modalidades coletivas e em um Número "y" de modalidades individuais. Ou seja, não importava a realidade da sua atlética, a quantidade de atletas ativos ou qualquer que fosse o contexto. Era isso, ou não participar. Com isso, atléticas, sem o número mínimo de modalidades, sacrificavam os atletas das poucas equipes ativas, fazendo-os participar de modalidades sem o menor interesse para não deixarem de competir em suas reais modalidades. O desgaste físico e a frustração eram imensos atrapalhando muitas vezes o rendimento naquela modalidade na qual o(a) atleta se preparou para competir. Nós sabemos que até hoje possuímos diversos poliatletas, mas hoje, é uma opção inscrever-se em 2 ou 9 modalidades e ninguém se força a jogar uma modalidade por força maior.
5 - O inter UFMG era mata-mata. Ou seja. Você fazia todo o esforço de vender ingresso, inscrever em número mínimo de modalidades, convencer atletas a se sacrificarem para chegar e jogar 1 jogo. Se perdesse, estava fora, e os confrontos nem preciso dizer que na maior parte das vezes eram das Atléticas "fundadoras" contra as Atléticas "convidadas" de forma que as fases finais girassem sempre em torno das mesmas.
6 - A justificativa para existir número mínimo de modalidades para se inscrever era que servia como incentivo para as Atléticas "convidadas" procurarem mais atletas (hahaha) como se nós não fôssemos motivados o suficiente por nós próprios. Obviamente esse não era o motivo real, e sim o fato de que quanto mais inscrições, mais dinheiro no caixa para fazerem o evento acontecer eles teriam.
Diantes desses e de outros absurdos, em conversas com o Cláudio Neto (na época, presidente da AALEB) começou-se a reunir algumas pessoas das Atléticas "convidadas" e expor toda nossa insatisfação.
As primeiras pessoas a abraçar a ideia foram: Luquinhas (Lucas Lanza) e Kiko da Bio e Vivi (Vitória Jéssica) da Atlética da Saúde.
A partir disso, começamos a fazer contato com outras atléticas e nos reunir semanalmente na sede da AALEB para tratar das insatisfações e o que faríamos a respeito.
Percebemos que era um absurdo que oito (na época) atléticas, AALEB, Bio, Biomed, Icex, Odonto, Profeta, Saúde e Veterinária, (Fafich e Farmácia juntaram-se posteriormente) fossem submetidas às vontades de 5 outras apenas pelo fato de sempre ter sido daquela forma. O fato de terem sido fundadoras não as dava o direito de praticarem tamanhas injustiças, muito pelo contrário, só fazia delas responsáveis por colaborar com o crescimento das demais.
Essas 5 atléticas apenas nos usavam como figurantes, como coadjuvantes na competição deles para no final das contas os resultados serem sempre os mesmos já que era impossível as atléticas crescerem daquela forma.
Após chegarmos a alguns consensos, a ideia inicial era: Se nada mudasse, não participaríamos do Inter UFMG, e mais: Faríamos uma competição na mesma época do Inter, mas à nossa maneira: Auto gerida, justa e com as maiores condições de igualdade possíveis. Permitindo que as atléticas participassem apenas nas modalidades das quais quisessem e dando-as a oportunidade de jogar no mínimo uma fase de grupos.
Após alinharmos as ideias, fomos até a diretora da Liga das Atléticas e toda a insatisfação foi exposta. Prontamente concordaram com nossas reivindicações já que obviamente não era interessante para eles perderem tantas atléticas, principalmente porque a competição deixaria de ser economicamente viável com apenas 5 agremiações.
Então, logo em seguida, apresentamos nossas principais pautas. Eram elas:
1 - Acabar com a divisão de Atléticas "fundadoras" e Atléticas "convidadas".
2 - Reformulação do estatuto da Liga das Atléticas para que além do ponto anterior, outras coisas fossem alteradas, como por exemplo:
2.1 - Qualquer Atlética deveria ter direito a voto nas eleições Liga das Atléticas;
2.2 - Qualquer diretor ou diretora de qualquer Atlética deveria ter o direito de se candidatar a cargos na Liga das Atléticas;
3 - Instituir fase de grupos no Inter UFMG;
4 - Fim da obrigatoriedade de se inscrever em um número mínimo de modalidades no Inter UFMG;
5 - Fim da obrigatoriedade de venda de ingressos para festa.
TODAS as reivindicações foram conquistadas e já no Inter UFMG de 2016 observamos as primeiras mudanças.
Com isso, concordamos em não fazer a competição que estava surgindo entre aquelas atléticas unidas na mesma data do Inter UFMG, porém não deixaríamos de fazê-la, pois, esta competição, que ganhou o nome de COPA UNIÃO já tinha um significado para além do esportivo.
A Copa União é também uma maneira de nos lembrarmos das nossas lutas e tudo que já passamos.
Que cada Atlética continue crescendo cada vez mais e sendo protagonista dentro e fora da UFMG, por onde quer que passe, por onde quer que jogue.
Um abraço de um grande apaixonado e um dos fundadores da grandiosa Copa União.
Daniel Novaes.
Foto que representa o espírito da Copa União